sábado, 2 de maio de 2020

Flores e temperaturas altas

Ontem ao passar de carro pela avenida marginal deparei-me com os castanheiros em flor, uns florescem em branco e outros, em rosa velho, embora não esteja certo da designação da cor dos últimos. Os jacarandás do adro do que foi a Igreja de Santa Maria só florirão para o fim do mês ou no início de Junho. Há muitos anos que cultivo estes dois eventos. Também me dá bastante prazer ver as buganvílias a florirem paredes acima. Juntamente com o friso das orquídeas são toda cultura que tenho acerca do mundo em flor. Por vezes, lembro-me de haver nas casas em que vivi plantas com nomes como aspidistras, árvores da borracha e costelas-de-adão. Haveria outras, mas já não consigo encontrar-lhes a denominação. Pertenciam a um mundo maternal e nunca achei que me dissessem respeito. Leio que no Ribatejo a temperatura pode chegar aos 37 graus. Fico em transe. Entre mim e as temperaturas elevadas há um conflito insanável. Nem o corpo nem o espírito as suportam. Não sei de onde vieram parte dos meus genes para que isto seja assim. Há gente que canta aleluias quando chega o calor, eu uso a blasfémia e linguagem visceralmente baixa. Logo irei ver o meu neto, à distância, pois agora tudo o que era próximo se deve dar no distanciamento. Não tarda e é hora de almoço. Não fiz nada do que tinha programado para a manhã de hoje. Guardei para amanhã, ao contrário do que me ensinaram na escola primária, num célebre conselho dado por um astuto advogado a um pobre camponês, se não me falha memória. Hoje é sábado, dia 2 de Maio. As pessoas continuam a beber, pois acabei de escutar o barulho de garrafas a cair num vidrão. Para passar o tempo, vou descobrindo quem era Micol, uma bela rapariga que habitava numa casa que possuía um jardim. E vejo cinema.

2 comentários:

  1. Tenho veneração por plantas, árvores e flores como outros terão por pássaros ou peixes, mas nunca lhes dediquei tempo suficiente e por isso sei pouco...o problema é que as coisas que vou deixando para a reforma já vão sendo tantas que depois nem a reforma vai chegar para elas:)
    ~CC~

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    1. Talvez suceda sempre assim com o tempo que supostamente julgamos desocupado. Chega-se a um tempo de desocupação e há mil outras coisas para o ocupar, que nunca foram previstas.

      HV

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