Está um dia esquivo e a cidade respira rente à melancolia. O
rio, a ciciar pela chuva que há-de vir, desliza oscilante e de água escassa,
sem um barco que lhe abra as entranhas e lhe inscreva, momentânea, uma esteira
que lembre o ondulado tecido pelo passar dos grandes navios. Tudo nesta cidade
é minguado, menos o desvario com que a percorro para não me perder na aspereza
das ruas ou na solidão que sobre ela desce em borbotões da serra. São assim as
cidades de província e por isso são amadas. Também eu a amo pela sua escassez e
pelo jardim que agora cruzo e cai sobre os meus ombros como um grande
capote que protege o meu ser provinciano do grande rugido cosmopolita.