Atravessei pensativo a cidade mergulhada no frio matinal. As
pessoas passavam recompostas da chegada do novo ano, entrouxadas em sombras e
silêncio, cobertas pelo azul do céu. Enquanto fazia e desfazia curvas, circundava
rotundas e enfrentava semáforos, ia pensando no que ia fazer. Falar sobre
crenças que se devem justificar e nesse acto de justificar está toda a
justificação da razão. Enquanto discorria para mim mesmo, um pequeno demónio
lembrava-me que as crenças mais interessantes são como a rosa sem porquê. O meu
demónio é persistente e trabalha constantemente para a minha perdição. Ele lá
terá a sua justificação.