Há dias comprei um livro, num leilão na internet, de
Heinrich Böll. Trata-se de uma obra publicada entre nós em 1972, pela velha
Arcádia. Tem capa dura e papel de boa gramagem. É composto por um conjunto de
contos e de um deles recebeu o título Os Hóspedes Inesperados. Foi um sentimento
de irmandade que me levou a adquiri-lo. Também eu, onde quer que vá, sou um
hóspede inesperado. O sítio não me espera e a minha presença é constrangedora. Isto
pensava eu quando atravessava a cidade para ir para um lugar onde todos me
esperavam, sem que a minha presença deixasse de ser constrangedora. O que me
vale, meditei, é o sol de Inverno. Brilha, aquece um pouco, mas evita excessos,
comportando-se com prudência e sabedoria.