Esta chuva impaciente e frágil veio mesmo a calhar. Que boa
desculpa encontrei para não ir dar a minha caminhada profiláctica. Assim, fico
por aqui a ruminar sobre o desvario do mundo, a meditar na água que cai e na
bem-aventurança que ela é para a agricultura. Há quem tenha alma de caminhante,
mas esse, por um qualquer motivo que desconheço, não é o meu caso. Prendo-me
então ao flanco do silêncio e enquanto leio aguardo o crepúsculo que me há-de
anunciar o aconchego furtivo da noite.