sábado, 12 de janeiro de 2019

Sábados


Os sábados contêm uma promessa que descubro sempre ser falsa. Se os olho a partir dos dias da semana, eles parecem-me uma luz bruxuleante ao fundo do túnel. E nesse luzir mortiço esconde-se, confesso, a esperança da eternidade e a crença no paraíso. Sim, os sábados são pressentidos como se não pertencessem ao tempo, com o seu passar rápido e inelutável, mas à dimensão da intemporalidade. Depois, o sábado chega e mal dou por isso já o sol se entrega nas mãos do crepúsculo, a temporalidade ri-se alacre das minhas tristes divagações e o ritmo das coisas humanas, demasiado humanas, cobra o seu soldo e traz a canga que me submete ao duro jugo da realidade. É o que faz cultivar ilusões em vez de aprender a jardinar e a podar roseiras.