Os sábados contêm uma promessa que descubro sempre ser
falsa. Se os olho a partir dos dias da semana, eles parecem-me uma luz
bruxuleante ao fundo do túnel. E nesse luzir mortiço esconde-se, confesso, a
esperança da eternidade e a crença no paraíso. Sim, os sábados são pressentidos
como se não pertencessem ao tempo, com o seu passar rápido e inelutável, mas à
dimensão da intemporalidade. Depois, o sábado chega e mal dou por isso já o sol
se entrega nas mãos do crepúsculo, a temporalidade ri-se alacre das minhas
tristes divagações e o ritmo das coisas humanas, demasiado humanas, cobra o seu
soldo e traz a canga que me submete ao duro jugo da realidade. É o que faz cultivar
ilusões em vez de aprender a jardinar e a podar roseiras.