Comprei um livro que se apresenta como compêndio. Não interessa para o caso aquilo que ele compendia, mas é um sintoma de que, finalmente, percebi que a vida não é eterna. Quando não o sabia e pensava ter a eternidade à minha frente recusava-me a comprar compêndios. Hoje inclino-me para os epítomes – que raio de palavra fui buscar para dizer resumos – e, não tarda, hei-de mesmo compreender a velha estratégia das Selecções do Reader’s Digest de condensar obras literárias. Sábado é um dia que se abre à futilidade. Fui às compras, enquanto decorria a hora de almoço. É uma hora onde não se encontra ninguém. Fiquei, contudo, preocupado comigo. Havia um conjunto de vinhos interessantes, mas nem me apeteceu olhar para eles. Segui em frente como se fosse cego ou nem um bom vinho me interessasse. Há dias que são difíceis de levar pela trela. O tal compêndio está à minha frente. Olho para a capa mas não me atrevo a abri-lo. Há coisas que é mais ajuizado não saber.
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