Na caixa do correio tive, de novo, a evidência de que se estará em campanha eleitoral. Não sei se será uma prova irrefutável. Durante estes dias ainda não encontrei nenhum daqueles carros que, nos dias que antecedem o depósito do voto nas urnas, nos anunciam o paraíso que há-de vir, bem como os santos que nos hão-de ajudar, com o seu exemplo casto e virtuoso, a encontrar o caminho da salvação. Ao atravessar a cidade, pensava nestas coisas e ocorreu-me que os santos – na verdade, santos apóstolos – estejam cansados ou, então, perceberam que ninguém quer comprar uma estadia nos paraísos à disposição. Não tarda e teremos eleições civilizadas, sem gente a arruar por aqui e por ali, sem bombos e zés pereiras, palavras inúteis e gestos dispensáveis. Não sei o que me deu hoje para falar de política, mas presumo que sexta-feira seja um dia que nos inclina para a demência. Ainda discuti com o autor destes textos, fiz-lhe ver que o assunto não se quadrava com a minha índole, mas ele foi inflexível e pôs-me, para infelicidade minha, estas palavras na boca. Cansa-me o déspota.
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