Adicionei ao meu eReader
um livro do príncipe Piotr Kropotkin. Nunca tive uma alma dada à rebelião
contra a existência do Leviatã. Para seres que albergam dentro de si um
catálogo ilimitado de monstros, não me parece uma ideia sensata libertá-los do
temor pelo monstro bíblico. Sei que almas sensíveis e outras que nem tanto
gostam de se afirmar anarquistas, pelo menos ao sábado à tarde. Vou ler o livro
como se lesse um romance, mas antes disso terei de atravessar a cidade para uma
visita. Melhor que ser anarquista aos sábados à tarde é ir aonde nos esperam e
temos o dever de ir. O vento não pára e as persianas da janela chocalham,
enviando-me mensagens num código que não consigo decifrar. Também não será
mentira se se disser que muitos são os códigos para mim indecifráveis. O autor
destes textos poderia ter-me feito um pouco menos limitado, conceder alguma
graça e deixar-me ser, aqui e ali, um pouco mais inteligente. Não quer. Um dia
ainda me revolto e, contra ele, torno-me anarquista, daqueles que habitavam o
mundo de O Homem que Era Quinta-Feira.
A minha ambição será então tornar-me Domingo.
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