Tenho de levar o carro à oficina, mas não me apetece. Tenho, aliás, uma série de coisas para fazer para as quais me falta o apetite. Ao escrever esta palavra lembrei-me da saga que eram as minhas refeições. Não tem apetite, dizia-se. Recusava-me a abrir a boca, vomitava, não mastigava a comida. Imagino o exaspero da minha mãe nessas horas épicas. Naqueles tempos acreditava-se em coisas inimagináveis. O Ceregumil e o óleo de fígado de bacalhau. Parece que vinham de Espanha, frutos do contrabando, trazidos por alguém conhecido. Ao primeiro, ainda anuía, apesar de reticente. Ao outro, a minha submissão era mais difícil. Um nojo. Não imagino se aquilo fazia bem a alguém. A verdade é que não morri. A certa altura, fui operado à garganta para extracção das amígdalas, coisa que então estava na moda, e, milagre, o apetite nasceu de um dia para o outro. É este o meu problema. Falta-me o apetite para muita coisa, não tenho fé no Ceregumil nem no óleo de fígado de bacalhau e já não tenho amígdalas para extrair.
Como eu costumo dizer, os jovens hoje são felizes e nem sabem: Têm escolas mistas, têm net e não sabem o que é o óleo de fígado de bacalhau (fiquei com náuseas só de escrever o nome...)
ResponderEliminarHorrível!!!
Sexta feliz.
⚘
Maria
Talvez sejam mais felizes, mas não tenho a certeza. Seja como for, o óleo de fígado de bacalhau nem a um inimigo se deseja.
EliminarUma boa sexta-feira
HV