terça-feira, 1 de outubro de 2019

O fascínio da fé

Fascina-me sempre a fé que as pessoas têm na sua própria opinião. Também eu terei tido fé nas minhas opiniões. Depois, tornei-me agnóstico e, hoje em dia, sou francamente ateu perante muitas das ideias que me atribuo. A primeira coisa de que desconfio é das opiniões que nascem dentro de mim. Deito-lhes um olhar enviesado, rosno-lhes e, se calha partilhá-las, não é porque creia nelas, mas para me livrar do seu cheiro negro, para evitar que azedem e me empestem os pulmões. Dou comigo a pensar, não poucas vezes, que o caminho da Cartuxa tornaria o mundo bem mais habitável. Isto, todavia, não passa de uma opinião, para qual também me falta fé. Li já não sei onde que a Cartuxa de Évora iria fechar e os monges partiriam para Espanha. Faz sentido, num país onde todos têm opiniões para dar, que não haja quem decida calar-se de vez e entrar na pátria do grande silêncio.

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